quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Da ignorância ou O Teixeira


Outro dia fui a uma pizzaria com uma pessoa além de agradável, muito mais fina do que eu. Ele tem certa, digamos assim, “fineza de espírito”. Todos nós sabemos que ser fino não depende nem de dinheiro, nem de vontade, depende de algo maior.
O lugar onde nos encontrávamos tinha um certo requinte. Nada luxuoso mas apenas acolhedor, como meu acompanhante (é engraçado, as mulheres podem chamar os homens de acompanhante sem nenhum problema, ninguém vai achar que eu paguei alguma coisa pela companhia).

Eu estava achando tudo agradável, mas o cardápio era em italiano. Nada muito difícil, já que o italiano é também de origem latina e os brasileiros têm certa proximidade com o cardápio da Itália. Mas havia um problema: eu não conseguia achar o nhoque. E estava compenetrada. Alguns minutos atrás o garçom já havia passado por nossa mesa, mas estávamos ainda decidindo o que comer.
Eu compenetrada e de repente chega outro ‘garçon’. Não prestei atenção. O moço disse, sou o Teixeira... O restante eu nem ouvi muito bem, sabia que disse alguma coisa diferente, pensei eu, algo em italiano. Como eu não conseguia encontrar o nhoque,  rapidamente perguntei: tem nhoque? Ele respondeu: tem sim senhora e muito gostoso. 
Meu acompanhante colocou a mão na testa, abaixou a cabeça, com um certo ar de vergonha e me disse: esse não é o moço do nhoque.
O ser de ‘fineza de espírito’, com muita educação, disse ao Teixeira qualquer coisa como, se precisar te chamo.
Quando ele saiu meu acompanhante, meio vermelho e meio querendo rir me disse: ele, o Teixeira,  é o ‘sommellier’, uma pessoa especializada em vinho. Eu ri, não sabia o que era um sommellier. Desde então concluí: se um Teixeira aparecer na sua mesa, não pergunte do nhoque. Ele é um ignorante, só entende de vinho.
Meu acompanhante sim é que é interessante, entende de vinho, nhoque, e sabe quem é o Teixeira. Tenho que sair mais com ele.

2 comentários:

Fran Hellmann disse...

Hahaha Juro que já passei por uma situação parecida. E eu não sabia o que fazer com a torradinha quando o macarrão chegou.

Ri muito com esse texto.

Beijo

Carvalho disse...

É! É o Teixeira que é um ignorante...

Bom texto. Faria algumas alterações de estilo, mas um bom texto.

Hahaha

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