terça-feira, 17 de maio de 2011

Do amor (parte II)



Terminaram a pintura.
Agora somos milhões...
A classe.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Do amor

Pintaram um homenzinho em meu coração
Aguardo a presença de outros...
Que continuem a pintura...
Odeio a idéia de solidão.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu odeio quem faz amor (Que me desculpem os românticos)

Outro dia estava ouvindo duas moças conversarem e fiquei pensando o quanto este romantismo exacerbado e atrasado complica as pessoas. As duas meninas falavam da vida como num conto de fadas, havia uma nuvem de amor perfeito e de depressivo logo em seguida, sobre elas. Estavam pelo menos uns 100 anos atrasadas. Foi um bom exemplo daquilo que eu abomino. Odeio as convenções, as mentiras repetidas, as pessoas que fazem amor... Fazer amor é como viver em outro mundo. Precisamos é fazer sexo, no sentido mais puro da palavra, isso nos deixa mais humanos. Parafraseando a Rita Lee (e infelizmente, o Arnaldo Jabor) acredito, sinceramente, que amor é um, sexo é dois. Quem faz amor vive sozinho, coisa mais atrasada. Mas essa é uma divergência pontual, para os que fazem amor, podemos continuar amigos.

sábado, 7 de maio de 2011

Marina Colasanti

Como eu disse, há coisas dela que eu gosto bastante. Então vou mostrar mais um texto que eu gosto.

Conto em letras garrafais

Todos os dias esvaziava uma garrafa, colocava dentro sua mensagem, e a entregava ao mar.
Nunca recebeu resposta.
Mas tornou-se alcoólatra.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Atualizando o Blog

Tem algumas coisas dela que eu gosto. Gostei desse texto. Meio lugar comum, mas gostei. Na verdade, eu queria escrever sobre o Nelson Rodrigues, mas ele é reacionário aos extremos, então, tenho que estar com paciência.


Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.